segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alice


Num dia desses da vida conheci a Alice. Não me lembro bem onde, só lembro que a conheci. A primeira vista parecia uma garota fechada, não sorria pra estranhos, muito menos falava com eles. Um certo dia tive o prazer de ser apresentada à ela e descobri a menina que estava escondida dentro dela.
Aos poucos fui me aproximando dela e, a cada dia que passava, via a pessoa maravilhosa que ela era.
Ela era daquelas que fazia brincadeira de tudo, que ria de tudo e, acima de tudo, amava.
Mas fui percebendo que atrás disso havia um ar meio depressivo, algo que eu não sabia bem o que era, mas sabia que existia.
E quanto mais eu ia convivendo com a Alice eu ia vendo que ela não era satisfeita, ela se achava gorda.
Bom, eu nunca tinha reparado nisso, na verdade isso pra mim nunca importou. Sempre avaliei as pessoas pelo caráter, como fiz com Alice. Mas ela achava que as outras pessoas não eram como eu. Eu também acho, na verdade, tenho certeza. E isso a incomodava.
Então ela começou a fazer tudo que pudesse mudar aquela situação, mas não conseguia. Já ouvi falar que algumas pessoas tem um pouco de dificuldade pra isso, sei lá.
Um dia desses fui conversar com a Alice. Ela não era mais aquela menina sorridente e brincalhona. A cada palavra uma lágrima caia. Ela me mostrou e me fez sentir a dor que ela estava sentindo.
Ela me disse que não tinha vontade de morrer. Ela só tinha vontade de parar de viver. Tinha vontade de ficar num lugar, sozinha... sem ter que ver e conviver com pessoas desagradáveis, sem ter que fazer tudo. Só ficar parada, observando tudo.
Depois daquele dia percebi que não havia mais jeito e o meu único desejo naquele momento era trocar de lugar com ela, ou pelo menos mostrar que ela não estava sozinha, sei lá...
Por que tem que ser assim? Por que pra uns serem felizes outros têm que sofrer?
Como eu queria a minha Alice de volta...